Vamos pensar um pouco sobre a galerinha que queria viver em outra epoca.
Eu sou um cara que tento sempre ser realista e ponderado nas minhas opiniões. Talvez eu tenha opiniões extremadas em alguns assuntos, mas na minha cabeça tudo se encaixa e se justifica. Mas eu ja fui um adolescente idiota que vive mais na minha cabeça do que no mundo real, ao invés de um adulto amargurado que vive mais na propria cabeça do que no mundo real. A diferença do eu atual pro anterior é que eu não tinha informação suficiente do mundo real e da vida real pra fazer uma analise razoavel de nada.
Hoje eu fui ler uma das revistas de ficção cientifica do isaac asimov, que dá pra encontrar traduzida nas melhores locadoras da internet, e no editorial o asimov fala uma coisa que me fez pensar em tudo isso. Falando sobre os supostos bons velhos tempos versus a atualidade : "
O problema é que as pessoas recordam os “bons tempos de outrora” (uma expressão que me causa profundo desagrado) de forma extremamente parcial. Para muitos, a Grécia Antiga significa sentar-se na ágora e bater papo com Sócrates. Roma Antiga é freqüentar o Senado e discutir política com Cícero. Eles não se lembram de que nas duas civilizações apenas uma pequena elite aristocrática se dedicava a essas atividades e a imensa maioria da população era composta de trabalhadores braçais, camponeses e escravos.
É muito bonito romancear a Idade Média e sonhar em ir para a guerra usando uma armadura reluzente, mas para cada “cavaleiro andante” havia noventa e nove servos e aldeões que eram tratados pior que animais.
Fico irritado com os admiradores incondicionais da América rural do século dezenove, quando tudo o que se fazia, aparentemente, era ficar sentado no quintal bebericando sidra. Além disso nos períodos de recessão não havia nenhum senso de responsabilidade social para com os desempregados; e a total inexistência de remédios eficazes, incluindo os antibióticos, fazia com que a mortalidade infantil fosse elevadíssima e a expectativa de vida muito menor que hoje em dia.
Também não me deixo impressionar pelos que olham para uma mansão construída em 1907 e exclamam, com um suspiro: “Puxa, não fazem mais casas assim! Veja quantos detalhes! Veja quanto capricho!” Perco a paciência com as pessoas que estão sempre falando dos velhos tempos, quando os artesãos tinham orgulho de sua profissão e faziam de cada objeto uma obra de arte única, enquanto que hoje em dia máquinas sem alma produzem cópias e mais cópias de artigos baratos.
Vamos colocar as coisas na sua verdadeira perspectiva. Você sabe por que era possível construir lindas mansões em 1907?
Porque a mão de obra era barata, de modo que você podia se dar ao luxo de contratar dezenas de empregados para construir a mansão e dezenas de criados para mantê-la funcionando. E por que a mão de obra era barata? Porque a maioria das pessoas vivia em um estado permanente de fome e miséria. O fato de que alguns podiam ter mansões estava ligado de perto ao fato de que quase todos viviam em casebres.
Da mesma forma, quando os artesãos produziam laboriosamente obras de arte, essas obras eram em número muito reduzido e constituíam o privilégio de uma reduzida casta de patrícios (ou nobres, ou banqueiros); o povo tinha que se virar mesmo era com casas de pau a pique."
O Asimov não poderia ter acertado mais. E digo mais, é legal pra caramba falar de como era boa a epoca da monarquia deixando esse tipo de detalhe de lado, que naquela epoca você aí que acha que ia ser legal pra cacete ia ser o primeiro a morrer de alguma doença facilmente tratavel, ou com muita sorte trabalhar a troco de merreca até morrer, magro e pobre.
As pessoas nunca se imaginam no lado de baixo da equação, sendo explorado sem ter esperança nem perspectiva nenhuma. Meu jovem, a vida não é um rpg. Você só tem essa vida, que não é o ideal provavelmente (quem tem a vida ganha não lê esse blog, convenhamos) mas com certeza poderia ser muito pior, caso voce esteja lendo isso de um smartphone ou computador que sejam seus mesmo. Nós vivemos na melhor época da humanidade, apesar de muitos se esforçarem pra destruir nossas conquistas e nos fazer voltar no tempo. Cada vez menos pessoas passam fome , e apesar de ainda haver muita miséria e o pior do ser humano ainda existir e andar solto, tudo melhorou comparado ao que era, mesmo a poucos anos atrás.
Escapismo é bom e tudo o mais, voce se imaginar em diferentes situações e se colocar em diferentes papéis , o ser humano faz isso. Mas nós temos que tomar cuidado pra nossas fantasias idiotas não nos fazer perder o contato com a realidade, ou mesmo a perspectiva. Você não é um templario, você não é forjado na guerra, se alguem te der um tiro na vida real e não no battlefield você vai morrer de verdade, sem respawn. Se você voltasse pros anos 80 , 70, 60 ou seja lá quando, voce ia se fuder bem rapido, principalmente se voce se acostumou com internet, eletricidade em todo o lugar ou mesmo o sus ( DEFENDA O SUS), que é uma conquista recente. A epoca que voce gosta se imaginar viajando provavelmente era uma merda, se voce fosse pra lá nunca ia aproveitar os beneficios, mas ia aprender em primeira mão o lado ruim. Nada como uma desinteria marota pra ensinar pra alguem a importancia do saneamento basico.
Pra terminar, o tal do conservador é o ser humano no ápice da burrice, porque ele parte justamente do principio de que você deveria deixar a sociedade como é, ou retornar ao que era porque supostamente naquele tempo era melhor, quando como nós aprendemos hoje, a sociedade sempre foi uma merda, tem que melhorar e muito, mas nós sabemos que quem está no alto, aproveitando todos os beneficios não vai abrir mão deles pra ajudar o resto da sociedade. E o patriota? UM PATRIOTA UM IDIOTA, como jesus já disse, patria de cu é rola, voce ser de algum país não significa nada, muito pelo contrario. Alguem inventou um nome qualquer, uma bandeira e 100 anos depois uma corja de otarios briga pra defender essa merda e diz que quer morrer por ela. É só um nome , só um simbolo, não tem valor nenhum, voce não é melhor ou diferente por nascer aqui ou ali. Seu avô veio da europa? PAU NO CU DELE. Um monte de gente um belo dia vem fugindo da guerra com uma mão na frente e outra atrás, sem ter onde cair morto pra 50 anos depois o neto dele querer brincar de supremacia racial. SUPREMACIA RACIAL É A CABEÇA DO MEU PAU.
atenciosamente
Zé, Apóstolo, Papa, Modelo e Atriz
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